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Transplante cardíaco em pessoas trans traz desafios

Transplantes em pessoas trans ainda são um desafio

Cirurgia
Cirurgia (Foto: Reprodução/Internet)

Estão as pessoas trans em maior risco de problemas de saúde, inclusive cardiovasculares?

Esta pergunta é objeto de uma reflexão publicada recentemente em revista científica. Autores fazem considerações importantes que refletem a interação dos múltiplos fatores que impactam a saúde.

Há poucos estudos sobre pessoas transvestegêneres com idade superior a 40 anos. E há várias explicações para este fato. Contudo, os dados que até agora existem sugerem o seguinte:

O chamado estresse de minorias (violência emocional e física, vitimização) ocorre assim que alguma pessoa torna público não ser cisgênere. Como a maioria o faz na adolescência e início da idade adulta, este estresse começa cedo, nos anos finais da educação básica. Consequentemente, entre as pessoas transvestegêneres há maior taxa de: uso de tabaco, álcool e drogas não lícitas; planejamento de autoextermínio; autoextermínio efetuado.

O estresse de minorias, ou seja, a experiência de não ser tratada com a mesma humanidade com que a maioria é, leva à fuga dos serviços de saúde. A comunidade LGBTQIAP+, notadamente “T”, evita procurá-los pelas experiências negativas prévias.

Doenças acontecem pelo somatório de fatores. Pessoais, familiares, comunitários, políticos. Tomando os dados acima em conjunto, não é surpresa quando pesquisas científicas encontram proporção maior de pessoas trans com doenças cardiovasculares quando comparadas às cisgêneres.

O exemplo do infarto do miocárdio. Pesquisadores concluíram, entre as pessoas analisadas:

– trans masculinos têm risco 2 vezes superior aos cisgêneres masculinos e 4 vezes aos femininos

– trans femininos têm risco 2 vezes superior às cisgêneres femininos e risco semelhante aos cis masculinos

Muitas doenças cardíacas evoluem até uma situação que só o transplante pode dar mais tempo e qualidade de vida. E este assunto, transplante em pessoas trans, permanece inexplorado.

Entre os vários desafios estão: após o transplante cardíaco, quando pode ser realizada a cirurgia de reconstrução genital? Antes do transplante, quanto tempo os hormônios devem ser suspensos? Qual a interação entre os hormônios e as drogas imunossupressoras? O risco de trombose venosa após o transplante será maior entre as pessoas transvestegêneres?