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Não fuja da terapia - ela pode ajudar você a sobreviver!

Profissionais da psicologia são aqueles que ajudam nas travessias da vida

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Qual o papel da psicologia no cuidado das pessoas trans?

Uma versão transfóbica sobre o papel da psicologia no cuidado às pessoas trans é propor a cura. Partindo do princípio de que ser transvestegênere é uma doença, esta visão, comum a pessoas politicamente conservadoras, vê na psicologia o caminho da “restauração da saúde”.

Pode, e deve, serem discutidos os critérios usados para propor que ser LGBTQIAP+ é ser doente. Mas este não é o foco agora. Mas não resisto a fazer o desafio: você que assim pensa, pensa baseado em quê? E faço outro: porque considera sua heteroafetividade e cisgeneridade saudáveis?

Voltando ao tema, qual o papel da psicologia na atenção às pessoas trans? Ou melhor, quais são os papéis. Resumo aqui o que alguns especialistas propuseram em um artigo científico.

Por que buscar terapia?

Quais razões levam as pessoas a buscar auxílio psicológico? Depressão, ansiedade, adição a drogas legais e ilegais, distúrbios da alimentação (que levam à obesidade ou à magreza extrema), ideias e atitudes de autoextermínio são algumas. Quem já não vivenciou, por algum período de tempo, estas circunstâncias? As pessoas trans em uma proporção maior que as cisgêneres vivenciam.

Profunda insatisfação com seu corpo é uma questão que afeta pessoas cis e transgêneres. Mas entre as trans é muito mais comum e muito mais intensa. Esta insatisfação profunda ocorre com todo o corpo, não só com a genitália ou mamas. Inclui o contorno corporal e o peso. E há um círculo vicioso perverso: insatisfação com o corpo → rejeição social → insatisfação com o corpo.

Reação ao estresse

Como as pessoas se protegem do estresse? Há vários recursos disponíveis. Todos acontecem sem que elas percebam que está acontecendo – são inconscientes. E nem sempre são lógicos em uma avaliação inicial. Muitos mecanismos são saudáveis. Muitos são danosos.

  • Negar a existência de um problema, e as consequências negativas dele.
  • Reprimir lembranças de fatos que machucam, de modo que fiquem escondidos da própria lembrança da pessoa.
  • Colocar sobre outras pessoas os próprios sentimentos negativos.
  • Expressar o que se pensa ou sente por alguém de modo completamente contrário.
  • Criar explicações lógicas para comportamentos difíceis de serem aceitos.
  • Reagir de forma infantil como chorar em excesso, emburrar, ofender.
  • Deslocar a reação a eventos ruins sobre outras pessoas que não aquelas que os causaram.
  • Usar recursos como desabafo, atividade física, meditação para lidar com desejos inapropriados.
  • Aprimorar características positivas para compensar as negativas e ter maior equilíbrio.

Dores especiais das pessoas trans

A vivência da pessoa transvestegênere é intrinsecamente estressante. Sair de um gênero para outro, ou para um não gênero, ou para uma fluidez de gênero provoca emoções de tal natureza que somente quem as vive sabe. A transição é social, é orgânica, é emocional, é social. As pessoas trans, assim como as cisgêneres, vão usar mecanismos emocionais de defesa. E estes (olhe a lista acima) podem atrapalhar no crescimento pessoal. E quando isso ocorre, o estresse aumenta, no lugar de reduzir.

A psicologia tem como uma de suas missões ajudar as pessoas transgêneres a lidar com todo o sofrimento que é enfrentar a si mesme, aos outros. O tentar ser aceite por entes querides, e não sofrer rejeição.

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