Ameaça

Punição para quem auxiliar crianças trans...no Alabama

A recente lei aprovada no estado do Alabama - EUA é analisada em seus pontos centrais

No Senegal, atos homossexuais são considerados crime.
No Senegal, atos homossexuais são considerados crime.

Uma postagem recente fala sobre uma lei sancionada nos EUA, estado de Alabama, que pune com prisão de até 10 anos profissionais que fornecerem meios para crianças transvestegêneres fazerem a transição.

Relata três justificativas para a lei.

  • Os resultados das atitudes médicas seriam incertos
  • os efeitos colaterais a longo prazo: perda da função sexual e esterilidade
  • crianças são muito mutáveis e influenciáveis.

O caráter patologizante dos 66 representantes favoráveis (2/3 do total) surge ao final. Duas atitudes são necessárias para crianças trans. Uma genérica e inespecífica “abordagem vigilante e de espera”. E aconselhamento de saúde mental.

E a cobertura do bolo: as crianças podem se arrepender.

É curiosa, pela reportagem, a escolha daquele governo estadual. Ele conhece as estatísticas sobre depressão severa e risco aumentado de suicídio. Mas não se sensibilizou. E não há citação de medidas voltadas para o enfrentamento destas circunstâncias.

O clima político transfóbico é demonstrado pela decisão do senado estadual do Alabama. Os banheiros são determinados pela genitália (80% dos votos). Afinal, a noção de gênero é por demais sofisticada para demandá-la das crianças. Melhor ficar com a genitália. E, provavelmente, as famílias alabamienses devem ensinar às crianças a diferença que existe…

O conhecimento médico

A medicina é uma ciência em constante evolução. Na superfície, ela se distingue das físicas. Estas dizem respeito a um mundo que, se evolui, é ao longo de milênios. Mas o corpo humano é um sistema extremamente complexo. Poderia ser imaginado como uma coexistência de bilhões de “seres” individuais, as células. Que ser organizam para possibilitar a vida umas às outras.

As chamadas doenças são fatores externos que perturbam esta coabitação. Saúde poderia ser definida como o estado ideal de interrelação das células. E doença como um prejuízo dela. Conhecer os dois extremos é um imenso desafio.

O conhecimento médico depende de experimentação. Resultados de atitudes diferentes frente a um desafio são comparados. O melhor é, naquele momento, a atitude mais adequada. Novas atitudes propostas são verificadas, e podem, ou não, ser adotadas.

O conhecimento médico sobre pessoas trans

A medicina ainda tem muito a aprender sobre o auxílio às pessoas transvestegêneres. Mas já sabe muito. Há várias dificuldades para o avanço médico: a invisibilidade, a ignorância oficial, a intolerância religiosa.

A principal questão é ideológica: o que é fazer o bem? Este parece ser o núcleo da questão daquela lei.

Desafiando dois argumentos

Os defensores da lei dizem que crianças mudam. Mas os livros técnicos informam que a identidade de gênero já está presente aos 2 anos de idade. E não são poucas as crianças trans que assim se identificam aos 3 anos de idade. Esta é minha vivência profissional.

E dizem que crianças são influenciáveis. Afirmação que traz uma armadilha interna. A seguinte: se a criança souber que o desconforto que sente com seu gênero pode ser aliviado ou eliminado modificando o gênero, isto será influência? Ou será efeito da informação?