Saúde

Plicoma: O que é , por que incomoda e como tratar

O plicoma anal pode causar desconforto, mas com orientação médica e atenção à higiene, é possível viver com mais bem-estar.
O plicoma anal pode causar desconforto, mas com orientação médica e atenção à higiene, é possível viver com mais bem-estar. | OpenAI

Conversas sobre saúde íntima ainda enfrentam barreiras, sobretudo quando envolvem o ânus — um tabu que impacta especialmente a população LGBTQIA+. Uma condição comum, mas pouco discutida, é o plicoma anal. Apesar de não representar risco grave à saúde, ele pode causar desconforto físico e emocional, principalmente em pessoas que praticam sexo anal receptivo.

O que é um plicoma?

O plicoma é um excesso de pele na borda do ânus, geralmente consequência de processos inflamatórios anteriores, como fissuras anais ou crises de hemorroidas. Diferentemente das hemorroidas ativas, ele não causa dor constante nem sangramentos, mas pode dificultar a higiene e causar insegurança com a estética da região.

“Plicomas são dobras de pele ao redor do ânus. São como sobras de pele que ficam após inflamações na região. São comuns após fissuras anais, crises hemorroidárias e outras situações”, explica a proctologista Dra. Clara Assaf.

Qual a relação com a população LGBTQIA+?

Para homens gays, bissexuais, mulheres trans e pessoas não-binárias que praticam sexo anal, a presença de um plicoma pode afetar a autoestima e gerar insegurança durante o ato sexual. Questões como aparência, odor e medo de rejeição aparecem com frequência nos relatos de pacientes.

“Já ouvi de pacientes frases como ‘tenho vergonha de transar por causa disso’ ou ‘me sinto sujo’. E isso precisa ser desconstruído. Cuidar do ânus também é cuidar da nossa saúde sexual e emocional”, pontua a médica.

Apesar do impacto emocional, é importante reforçar: plicomas não são lesões malignas.

“Não há risco de virar câncer. São alterações benignas, que não causam doenças. Mas podem incomodar e causar insegurança”, reforça Dra. Clara.

Tem tratamento?

Sim, especialmente se houver dor, desconforto ou impacto emocional. A remoção do plicoma pode ser feita por meio de uma cirurgia simples, com anestesia local e recuperação rápida.

“Se causarem dor, desconforto ou impacto emocional, podem ser retirados cirurgicamente. A cirurgia é simples e resolve o problema de forma definitiva”, explica.

A recomendação da Dra. Clara é clara: nada de pomadas aleatórias ou tentativas caseiras. O ideal é buscar avaliação com um(a) proctologista de confiança.

Prevenção e autocuidado

Embora nem sempre seja possível evitar, hábitos como boa alimentação (rica em fibras), ingestão de água e higiene adequada da região anal ajudam a prevenir fissuras e inflamações que podem levar à formação de plicomas.

No contexto da prática sexual anal, o uso de lubrificante à base de água, comunicação com o/a parceiro(a) e atenção aos sinais do próprio corpo são formas importantes de prevenir traumas e cuidar da região com carinho.

“Plicomas dificultam a higiene da região anal, podendo causar coceira, odor ou inflamações. Algumas pessoas se sentem inseguras para a relação sexual. Outras se incomodam com a aparência da região”, diz a médica.

Quando procurar um(a) proctologista?

Se você sente que algo não está bem ou simplesmente deseja entender melhor o que acontece com seu corpo, procure ajuda profissional. A avaliação de um(a) proctologista é essencial para diagnóstico, orientação e, se necessário, tratamento.

“Se houver dor, sangramento ou coceira na região anal, ou se as dobras de pele causarem incômodo físico ou emocional, é importante buscar avaliação. Também é válido consultar o/a especialista para tirar dúvidas ou fazer uma análise estética da região”, orienta Dra. Clara Assaf.

Falar sobre isso é um ato de resistência

Num mundo que marginaliza corpos dissidentes, falar sobre saúde anal é um ato político, de amor próprio e resistência. Cada pessoa LGBTQIA+ merece informação, cuidado e acesso à saúde sem julgamentos.

“Saúde anal é parte do seu bem-estar. Não sofra em silêncio. Se algo te incomoda, procure ajuda! Você merece viver com conforto e segurança”, conclui a Dra. Clara.

Seu corpo importa. Sua saúde importa. Com ou sem plicomas, você merece respeito, prazer e dignidade.

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